domingo, 30 de junho de 2013

Coisas que eu odeio no Lux #5

A falta de Verão... em todos os sentidos!!

No Grão-Ducado:

Não cheira a Verão. Não ha aroma a maresia, a sardinhas assadas com pimentos, a caracois saidos do tacho.

Não se vê o Verão. Não ha pôr do sol no mar, não ha areal coberto de gente; não ha amigos sentados na rua até altas horas da madrugada, nao ha corpos a sobressair de vestidos curtos e calçoes de praia.

Não se ouve o Verão. Não ha bailaricos terra sim, terriola não; nao se ouvem as ondas a rebentarem na areia, nao se escutam as gargalhadas das crianças a brincar à beira rio.

Não sabe a Verão: nao ha carapaus assados, nem caracois nem mariscada à beira mar; nao ha magnum double caramel nem corneto de morango; nao ha uma mini fresca e um beirao com gelo a acompanhar uma cartada.

Não se sente o Verão. Não ha pele a escaldar apos uma tarde de banhos de sol; nao ha corpo molhado pelo mar salgado, o cabelo seco pela brisa do final de tarde, a areia fina entranhada nos dedos dos pés.

Por aqui não ha Verão. Ha, de vez em quando, dois dias de calor insuportaveis, passados a trabalhar arduamente. Ha, na maioria dos dias, um sol que espreita muito a medo, mas nao aquece. Ha, quase sempre, dias frios que nem dao vontade de sair de casa e passear.


Por aqui não ha Verão... e isso é o que eu mais odeio neste pais!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

"Todos por um"! Todos pelo Rodrigo!


A blogosfera é um mundo estranho mas é sobretudo um mundo bom. E quando é necessário virar o mundo do avesso para ajudar a salvar uma vida, a blogosfera une-se e cria eventos espectaculares em tempo recorde. "Todos por um" é mais um desses eventos e é para ajudar o Rodrigo.




"Todos por um" é o tema do evento que terá lugar no próximo sábado, dia 20 de Abril, entre as 10h e as 18h, na Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa.
Esta iniciativa foi criada no sentido de ajudar a encontrar uma solução para o Rodrigo, que tem leucemia e que precisa urgentemente de um dador de medula compatível.

Uma vez que o IPO já deu alta ao Rodrigo e a solução poderá estar fora do país, esta iniciativa conta com uma venda solidária de artigos que serão doados por várias marcas, bem como por mães, amigas e bloggers.
O valor total das vendas reverte a favor do Rodrigo, para que a mãe possa encontrar uma solução além-fronteiras.
O evento, para além de uma venda solidária terá também unidades de recolha de sangue/medula (estamos só à espera da confirmação do CEDACE que se viu a braços com a nossa pressão de tempo. Não é capricho, o tempo é que não é amigo do Rodrigo...), actividades para crianças, fotografia e bloggers fixolas para vos receberem e darem três dedos de conversa (ou uma mão cheia).

Gostaríamos de vos convidar a todos para aparecerem, trazerem amigos, namorados, vizinhos, ex-namorados, família por afinidade, colegas de trabalho. Sem desculpas! Uma picadinha aqui (não dói nada, já sabem!), uma compra gira ali, os miúdos brincam ali e temos um sábado bem passado em prol do Rodrigo!

Quem quiser colaborar com a doação de peças novas para venda e consequentes receitas para o Rodrigo faça o favor de entregar em mãos ou enviar as mesmas (com indicação do preço de venda ao público) e com recepção garantida, no máximo até à próxima sexta-feira, para:

Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa
A/C Professora Sandra Alves
Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa
Av. De Ceuta, Edifício Urbiceuta
1350-125 Lisboa

Esperamos por todos vocês! O Rodrigo precisa de todos nós!

Uma iniciativa da Miss Glitering, SMS e Pólo Norte.
(Obrigada à Sandra, à Selma e à Erica que são as mais maiores grandes por se juntarem aqui às três mosqueteiras!)
 
Para mais informações sobre o evento, podem sempre consultar a página no facebook "Todos por um" :) 

Bisous ;)

quinta-feira, 21 de março de 2013

Todas as terras deviam ser assim*


A minha terra não tem uma "Rua Direita". Mas a cidade onde fica a minha terra tem! A minha terra tem uma "Rua 4 de Julho" e uma "Rua 1º de Maio". Tem uma igreja cujo sino toca às horas e meias horas, e um toque diferente para anunciar as missas e outro para anunciar a morte de alguém. Toda a gente conhece os toques. Já não tem um padeiro que faz pão em casa, mas apesar de ter já uma pastelaria as pessoas ainda vão buscar o pão aos mini-mercados. Tem um "largo do Cruzeiro", que fica entre dois café e a quem chamamos carinhosamente o "poiso dos reformados". Tem pessoas que dizem sempre "bom dia" a quem passa, mesmo que sejam desconhecidos. Tem um campo da bola "pelado" e um campo "polidesportivo". Tem festas em honra da padroeira com bailaricos e eu já fui mordoma da festa. Tem um velho rebarbado que adora dar beijinhos e abracinhos às amigas de infância da filha. Tem um Grupo Desportivo, um Grupo Motard, um Grupo de Bordados e uma Associação Beneficiente. Também tem Escuteiros e um Grupo de catequese. E até tem um Grupo no facebook. :) Tem um grupo de mulheres que, mesmo sem coletes reflectores amarelos, fazem marcha pela aldeia à noite. Tem uma discoteca que, em tempos, tinha as melhores matinés da região centro e tem um Churrasqueira. Tem o peixeiro que não pára de apitar enquanto não aparecer o primeiro cliente. Um carteiro que entrega cartas deslocando-se numa Zundapp Famel. A minha terra tem um sapateiro. Tem vários cafés com empregadas que sabem tudo da vida de toda a gente. Tem cafés que ninguém conhece pelo nome e que toda a gente trata como sendo o "café do/a (nome do dono/a)": o "Café da Rosa" ou o "Café do Luís". Tem os "Bolinhos e Bolinhós" dia 1 de Novembro. Tem várias mercearias, sendo que a minha preferida é a da "Cinda" e tem um talho que também é o da "Cinda", mas são duas "Cindas" diferentes. Tem ovelhas e pastores que já fizeram parar o trânsito. Tem beatas que moram ao pé do adro da Igreja e que vão a todos os funerais e velórios, mesmo que não conheçam os mortos. Tem vizinhos que se cumprimentam por "vizinhos" como se fosse um parentesco. Tem muita gente que não sabe o meu nome mas sabe de quem sou filha e neta. Tem o "cerrar da velha" todas as quartas feiras de cinzas, em que fazem cantilenas estranhas à porta dos casais que foram avós durante o último ano e até esse dia. Tem gente que se conhece pelo nome próprio. Na minha terra cultivam-se produtos e oferecem-se aos amigos. E se começar a chover, há sempre uma vizinha que sai à rua primeiro que as outras a gritar "olha a roupa" e se não estiver ninguém em casa apanha-se a roupa da vizinha e guarda-se até ao final do dia. Tem famílias em que todos os membros são tratados pelo apelido e tem familias inteiras a serem tratadas por alcunhas. Na minha terra, vai-se a ver, e toda a gente tem um grau de parentesco entre si, mesmo que seja em 7.º ou 8.º grau :) Na minha terra, todos perguntam às mães e aos pais "como corre a vida?" aos filhos emigrados e mandam "beijinhos e abraços com muitas saudades".
A minha terra tem vida lá dentro.(e eu tenho imensas saudades da minha terra!!!)

*(desafio lançado pela Ursa-maior no Quadripolaridades

Abençoada natureza!


Diz que hoje também é o Dia da Árvore!!

Celebremos então...

("oh my eyes, my eyes")


... com este magnífico tronco!! :)


Bisous ;)

 

"Matumbina, fala poema"

Hoje é Dia Mundial da Poesia. Eu, admiradora de poesia, me confesso! Eis, um dos poemas que me fazem bater o coração mais forte:


Adeus


Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.


Eugénio de Andrade, in “Poesia e Prosa”

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A miuda que eu vi crescer!

Hoje, a minha irma faz 21 anos! Apatecia-me escrever-lhe um longo texto para lhe mostrar todo o meu amor, um amor feliz! Mas a distancia e as saudades atraiçoam-me! 

Dedico-lhe por isso um texto escrito por altura do seu 17o aniversario, escrito num blog que era entao anonimo, e que ela nunca chegou a ler! 


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Hoje, a C. faz 17 anos.

Ah, como é bom ter 17 anos! A adolescência, a maluqueira, as histórias encantadas que ficam para a eternidade, a sensação de que tudo é eterno, as certezas absolutas e inquestionáveis, as mais de 1500 amizades, a liberdade acima de tudo e de todos, as paixões que doem e provocam borboletas na barriga. E, no fundo, é tudo tão fugaz e tão efémero.

É maravilhoso ter irmãos! Ainda mais quando as relações são saudáveis e sinceras.

Quando a C. nasceu, eu tinha 6 anos, escolhi o nome, tive muitos ciúmes e durante alguns anos não vi com bons olhos ter uma irmã mais nova. Ter que dividir o quarto, a atenção dos pais e restante família, os brinquedos... não era propriamente agradável. Quando eu entrei na fase da adolescência, a C. tinha 6/7 anos. Era coscuvilheira, descobria as cartas para os namoricos, bisbilhotava os meus diários, tinha a "língua comprida", queria ir atrás de mim para todo o lado... enfim, as atitudes típicas dos irmãos mais novos. Ser adolescente e ter de dividir casa com uma miúda na fase da descoberta não era fácil. As discussões eram constantes, as birras também. Quando eu tinha 17 anos, como ela a partir de hoje, queria a minha privacidade e não tinha. Queria vestir as minhas roupas favoritas e quando reparava já ela as tinha vestido para ir brincar com as amigas. Queria liberdade e paz e por vezes era difícil encontrá-las no meio de tantos risos parvos de um bando de miúdas que ela levava lá para casa. Aos meus 19, a separação. Cinco meses longe, em Roma, a mais de 2000 quilómetros, as saudades imensas, as noites frias sem a ter a dormir na mesma cama que eu. O reencontro trouxe a surpresa. Vê-la crescida, a ficar uma mulher. Ouvi-la perguntar se podia vestir aquela camisola, estar no silêncio quando precisava de concentração para estudar. As conversas mais maduras. A reaproximação e o início de uma longa viagem em direcção à amizade verdadeira de irmãs.

Hoje, eu e a C. somos inseparáveis. Ela é a minha companhia e até o meu ombro amigo; eu sou a irmã mais velha em quem ela confia. Ela é a menina que eu gosto de apresentar aos amigos para dizer "vejam como ela está crescida"; eu sou a mana velha que ela gosta de apresentar aos amigos para dizer "vejam como a minha irmã é uma fixe".   Saímos juntas, bebemos e dançamos até cair para o lado, rimo-nos pelas coisas mais parvas e não conseguimos mesmo parar. Dividimos roupas, calçado, "bijouteria", carteiras e maquilhagem. Dividimos confidências e desabafos. Trocamos experiências: ela pede conselhos e ouve as minhas histórias e eu, através dela, recordo os meus 17 anos. Sei que sou um modelo para ela e tento dar-lhe bons exemplos.

Quero o que uma mãe quer para uma filha: que ela seja sempre mais e melhor do que eu! Sei, no fundo do meu coração, que vamos ter sempre esta relação bonita que fomos construindo e esta união que nos torna muito mais fortes do aquilo que pensamos ser. E sei-o porque somos, ambas, fruto de um grande amor e porque os nossos olhos brilham cada vez que os nossos pais dizem "as nossas filhas são tão amigas".

Parabéns, menina a ficar adulta! Escolhe sempre o melhor rumo para a tua vida e não te preocupes com as pedras no caminho, porque eu vou estar sempre aqui, não para tas tirar da frente, mas para te ensinar a saltar por cima delas para não tropeçares. E se caíres, não faz mal, eu dou-te a mão e ajudo a levantar-te. E se chorares, tudo bem, eu estarei aqui para te limpar as lágrimas. E se rires, melhor ainda, eu rio contigo porque as nossas gargalhadas juntas têm uma sintonia bem mais bonita de se ouvir.

Parabéns da mana velha!

P.S: Parabéns também para a minha mãezinha e para o meu paizinho que há 17 anos atrás viviam o segundo (mas não menos importante) dia mais feliz da vida deles
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Feliz aniversario, Cris!

Bisous ;)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013