terça-feira, 30 de outubro de 2012

Coisas que eu odeio no Lux #4


FRIO! FRIO! FRIO!

Que isto da neve é tudo muito lindo, sim senhora, uma pessoa fica feliz e tal, mas porra que tá um frio que não se aguenta! 

Ele é casacos, cachecóis, luvas e gorros e mesmo assim uma pessoa tem sempre aquela sensação de que os ossos se vão partir de tão congelados que estão.


E uma pessoa fica mal humorada, não sorri para ninguém. E uma pessoa está dez minutos à espera do bus para casa e já está a rogar 40 pragas "ao cabrão do motorista que não se despacha com aquela merda e à conta disso uma pessoa está aqui ao frio e mais dois minutos e cai-me o nariz"!

E, pronto, era só um desabafo de quem está em casa ao quentinho e enquanto vem ao blogue mandar umas postas de pescada até esquece que está mais frio na rua do que dentro do frigorífico... esquece pelo menos até amanhã às dez da matina, hora em que uma pessoa põe o nariz fora da porta e lá vem a "rabuje" toda outra vez!

Bisous ;)


Coisas que eu adoro no Lux #4


NEVE! NEVE! NEVE!







OK... não foi assim tanta que desse para fazer anjinhos, ou bonecos de neve ou sequer que impedisse a malta de ir trabalhar! Pronto, na verdade foram só uns flocozinhos que mal caíam no chão ou no casaco se transformavam em simples pingos, mas... era NEVE a cair! :) E foi tão lindo.

Maravilhoso estar a tomar um café logo de manhã, olhar pela janela com o ar enfezado de quem se prepara para enfrentar temperaturas negativas lá fora, e de repente deixar que um sorriso infantil se apodere de nós. Dois ou três gritinhos, muitas palmas, saltinhos e beber o café à pressa, escovar os dentes, vestir o casaco, pegar na carteira e descar as escadas a correr.

Oh.. a sensação dos flocos de neve a bater na cara, a alegria por ver o casaco roxo pintalgado de branco!!!

Sim, eu vi neve a cair pela primeira vez. E, sim, foi mágico. E, sim, comportei-me como uma miuda de 5 anos. Mas, sim, eu estava feliz. Muito feliz :)

Bisous ;)








sábado, 20 de outubro de 2012

Coisas que eu odeio no Lux #3

Não ter o "super"mercado da Gracinda ao "lado" de casa.

É que isto de viver numa espécie de aldeia que tem 5 ou 6 bombas de gasolina, 4 bancos, 30 restaurantes, mais 30 cafés, e 500 minimercados não é mau de todo. O que me chateia mesmo é que nenhuma destas coisas seja mesmo ao lado de minha casa. (Ok, pelo menos 2 restaurantes e um café, são pertinho). O que me irrita profundamente é que todas estas coisas sejam lá na zona baixa e a minha "alegre casinha" seja cá no cimo. O mesmo que morar na Alta de Coimbra e ter de ir à baixa só para comprar ovos, ervilhas e cenouras para a porcaria da salada russa. É que para baixo todos os santos ajudam, para cima é que é do caraças. E sim, passa aqui o 14 que me pode levar e trazer. Mas isto de ter de esperar pelo bus para ir comprar umas coisitas é coisa para ser chato. Sobretudo quando se está habituada a: "olha não há ovos, vou ali num instante ao "super"mercado da Gracinda buscar". E vou mesmo. E é num instante. Vá 30 minutos. Um para a ida, outro para a volta e os restantes 28 para pôr o paleio em dia.

Pelo sim pelo não, já comecei a apontar num caderninho requisitos para o novo aluguer de casa (um dia). E da lista constam já: ser ao lado ou por cima de um mimimercado; ser ao lado de uma escolinha que tenha uma máquina que venda cafés a 0,50€ (o que é sempre um bom pretexto para ir buscar os putos, quando os houver... lolol)

Bisous ;)
(Um muito especial para a minha querida Gracinda)

Coisas que eu adoro no Lux #3

Máquinas que vendem café a 50 cêntimos.... Uhuuuuuuuuuu

(Ai que saudades de uma BICA. Café com saber a café) Imagem retirada de http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Caf%C3%A9_Delta.jpg)

Hoje, pela primeira vez em 2 meses e meio, não paguei por um café - que mais parece uma água mal lavada - os habituais 1,45€ ou 1,90€.

Abençoada máquina da escola dos riquinhos que, a pensar nas pobretanas das "femmes de menage", vendem cafézinho - que mais parece uma água mal lavada - a 0,50€.

Até o cigarrito na pausa me soube melhor hoje. Até as restantes 4h até ao final do expediente passaram mais depressa. Até o trabalho ficou (ainda) mais bem feito.

Que o café - que mais parece uma água mal lavada - pode ser uma valente merda, que é, mas pelo menos não é uma merda paga a peso de ouro, como habitualmente.

Bisous ;)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

100 vezes obrigada, Cristiano Ronaldo!



Esta noite, quando a Selecção Nacional subir ao relvado do Estádio do Dragão, Cristiano Ronaldo cumprirá a sua centésima internacionalização. E eu, adepta ferrenha de futebol, em geral, e da selecção, em particular, e também apoiante incondicional de CR7, espero que mais uma vez o "puto maravilha" seja muito feliz de quinas ao peito e, consequente, me faça também feliz.

Dessa estreia em 2003 recordo-me muito pouco, mas de tantos outros momentos que tiveram Cristiano como protagonista, uns mais felizes que outros, não deixarei nunca de me esquecer. Porque será impossível apagar da memória as lágrima que chorei na final do Euro 2004; o respeito sentido naquele 5 de Setembro de 2005 quando o vi entrar em campo apenas um dia após ele ter sabido do falecimento do seu pai; o orgulho na primeira vez que o vi de braçadeira de capitão no braço nessa histórica vitória sobre o Brasil em 2007; a admiração quando o vi marcar um dos melhores golos da sua carreia (merdosamente anulado por um imcompetente) nessa goleada à Espanha num amigável após o Mundial de 2010 e, mais recentemente, a euforia vivida com cada contibuição sua, traduzida através de golos fantásticos e decisivos, no Campeonato Europeu 2012.

Esta noite, espero que Cristiano Ronaldo faça aumentar as minhas recordações felizes da sua carreira ao serviço da Selecção Portuguesa de Futebol e que me deixe dizer-lhe, pela centésima vez: Obrigada!!!


(foto e texto abaixo retirados da página oficial de Cristiano Ronaldo no facebook: https://www.facebook.com/Cristiano)
"Foi em 20 de Agosto de 2003, frente ao Cazaquistão, que vesti pela primeira vez a camisola da nossa Selecção. Foi um dos momentos mais marcantes da minha vida e um percurso que muito me orgulha pelo que todos juntos, conseguimos. Na terça-feira, farei a minha centésima internacionalização junto do nosso publico e apenas com a vitória em mente. Gostaria de agradecer a todos os que me ajudaram a chegar até aqui e contar com o estádio cheio a apoiar a nossa Selecção."



Bisous ;)

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Que la bataille commence! (ou a crónica das viagens nos transportes públicos luxemburgueses… )



Desde que comecei a trabalhar aqui no Lux que sabia que, nestes primeiros meses, apenas faria substituições de baixas ou férias, o que invariavelmente me levaria a trabalhar, a cada semana, em locais diferentes e com horários diversos. E de facto é o que tem acontecido. No entanto, salvé a minha estrelinha da sorte luxemburguesa, todos os locais por onde tenho passado até então ficam situados em Luxembourg-Ville, que é como quem diz a capital aqui do Grão-Ducado com o mesmo nome, e que os tugas, sempre práticos, tratam simplesmente por “Vila”. Ora, têm sido semanas e semanas a fazer o trajecto Rodange (a santa terrinha aqui da “je”) – Vila e vice-versa. Para fazer estas viagens, há duas possibilidades de transportes públicos : o comboio e o autocarro. A minha escolha tem sido quase sempre o comboio. E porquê ?

Em primeiro lugar pela paixão que tenho por viagens de comboio, facto que creio dever-se, indubitavelmente, às longas e maravilhosas viagens que fiz durante tantos verões com o meu querido paizinho para a Figueira da Foz, sempre em busca de um belo dia de pesca e de praia. E sempre que, aqui, entro no comboio vêm-me à memória os sons das carruagens em curso, Mondego fora, e das ondas a bater contra as rochas do Molho do Cabedelo; os cheiros a maresia e a pele salgada a tostar ao sol; a imagem do meu pai, em tronco nú e de boné do Sporting na cabeça, a lançar a cana com toda a força e confiança. E por mais que, aqui, chova ou faça frio, estas lembranças tornam as viagens em agradáveis passeios estivais.
Para além disto, gosto de viajar de comboio porque é tranquilo, porque há sempre muitos lugares disponíveis, porque posso ler livros inteiros sem me sentir enjoada, porque posso encostar a cabeça na janela e dormir uma soneca. E claro, porque os horários dos comboios têm sido sempre mais compatíveis com os meus horários de trabalho. E andar de comboio vinha a tornar-se algo tão normal para mim como conduzir o meu « Ronaldo Clio » por essas ruas conimbricenses. Já estava a assimilar os cheiros, a identificar os habituais revisores de bilhetes e até a reconhecer as “minhas colegas” de carruagem, a saber de cor as suas paragens. Estava já quase tentada a chamá-las de amigas, tanto que já sabia das suas vidas pessoais e profissionais, não porque elas me contassem, mas porque contavam a toda a gente que seguia na mesma carruagem, de tão alto que falavam.
Mas eis que esta semana a minha chefe me alterou o horário de trabalho e, com essa simples decisão de me fazer entrar e sair mais tarde meia hora, fez-me descobrir todo um espectacular novo mundo de viagens trabalho-casa. E que viagens!!!

O regresso a casa passou a ser feito, ao longo desta semana, de autocarro. E com autocarro eu quero mesmo dizer “camioneta-carreira”. O famoso 212, que as 22H10 sai da Avenue Emile Reuter, numa “animação” extraordinária. 

A história do 212 é simples : Há anos largos que leva e traz e traz e leva dezenas de tugas da Vila para o sudoeste, ali onde Luxemburgo, Bélgica e França traçam um triângulo fronteiriço quase amoroso, e do sudoeste para a Vila. A Maria João, senhora muito simpática na casa nos sessenta anos, faz esta viagem diariamente há 28 anos. O que, por si só, lhe devia dar direito a um lugar especial ao lado do condutor, tal como nas excursões do antigamente. À mesma hora, as tugas entram, cumprimentam-se, perguntam pela família, trocam opiniões e desabafos sobre os seus respectivos locais de trabalho, bem conhecidos pelas outras passageiras. E se uma delas chega atrasada, lá pedem ao motorista que “espere só mais 2 minutos, de certeza que ela perdeu o autocarro até aqui”. E o motorista espera, porque afinal de contas são muitos dias, muitos meses, muitos anos a levar estas senhoras para os seus lares ao final de mais um dia de lavoura. Mas as tugas, nos dias que correm, já só ( ?) representam 60% das ocupantes do 212. Os restantes 40% são, metade – metade, francesas e JRR (Jugoslavas, Russas e Romenas). E é aqui que começa a animação. As francesas ocupam quase sempre os mesmos lugares na traseira do autocarro, falam e riem muito alto mas, habituadas que estão à soberania das tugas, entram, cumprimentam, e seguem viagem sem grandes confusões. Já as JRR, passageiras muito recentes do 212, meteram na cabeça que “isto dos tugas mandarem nesta merda toda” tem de acabar e resolveram declarar guerra à soberania das tugas do sudoeste luxemburguês. Pois então que as JRR que chegam mais cedo entram no bus, sentam-se sempre nos mesmos lugares e, prevendo a chegada mais tardia de algumas comparsas, reservam com os seus sacos os lugares próximos aos delas, como quem delimita uma fronteira transparente mas tão visivel aos olhos de quem, como eu, embarca no 212 pela primeira vez. Obviamente que as tugas, revoltadas e reivindicativas de nascença, não veem com bons olhos esta atitude. E como boas tugas que são, toca de levar a guerra avante, “que a nós ninguém nos come por parvas”. E então é vê-las a entrar bus dentro, de peito feito, passando pelos lugares dianteiros ainda vazios, até à zona central à procura dos bancos “reservados”. E é vê-las com a maior cara de pau a exclamar, em francês, “olha, está aqui um saco!” e a perguntar, desentendidas, em francês “mas de quem é este saco?”, enquanto vão pegando no saco, pondo no chão e sentando-se como se fosse a primeira vez que acontece e como se não soubessem a quem pertence o dito cujo. Logo de seguida, e já aconchegadas, é ouvi-las a espingardear, em bom português. “Puta que pariu as jugoslavas, e as romenas ou lá o caralho que elas são, andam há meia dúzia de dias no 212 e já pensam que esta merda é toda delas, e reservam lugares e o caralho. Foda-se, querem andar com lugares reservados, venham trabalhar de limousine, que esta merda é um transporte público, e nós já vamos nele há muitos anos, olha o caralho!!!”. E as JRR reviram aqueles olhos perigosos como só elas, e é ouvi-las também a espingardear, mesmo sem entender patavina do que elas dizem mas captando todo o clima de tensão nas suas palavras. Um clima que piora sempre que as JRR atrasadas entram no Bus e percebem que o raio das tugas já se armaram outra vez aos cágados, e lá vão elas também a espingardear para a traseira do autocarro, gramar com as francesas barulhentas. E uma pessoa percebe que a tensão vai aumentando quando, apesar de não compreender maior parte do que as JRR dizem, vai escutando um “nervosa” e crendo que em jugoslava ou russo ou romeno o significado é o mesmo que em português, a coisa só pode estar a ficar feia. E as restantes tugas ao ouvirem aquela palavra tão conhecida viram imediatamente a cara para a janela e, enquanto relembram as JRR da sua antiguidade naquele autocarro, vão soltando mais uma data de impropérios até o 212 iniciar mais uma viagem das 10 e 10 (da noite).

E o resto da viagem faz-se por entre as gargalhadas sonoras das francesas, as reclamações das tugas e as “rosnadelas” das JRR que, não querendo parecer racista, têm todas ar de assassinas em série. E chegadas ao destino final, tugas e JRR saem do bus 212, trocam olhar ameaçadores e seguem caminhos diferentes com a promessa de uma nova batalha na próxima viagem. 

E eu saio do autocarro, acendo um cigarro e enquanto sigo o meu caminho até casa vou lembrando a mim própria como é magnífico andar de comboio, lendo o Predadores da fantástica Martina Cole ou aprimorando o francês com estudo do livrinho que a amiga Paula emprestou, com a tranquilidade necessária para descansar o corpo e a cabeça de mais um dia cansativo de trabalho. 

Mas depois apago o cigarro, solto um sorriso e penso que, mesmo que a minha chefe me volte a colocar num horário mais cedo e mais compatível com o comboio, tenho de voltar uma vez ou outra ao 212, na esperança de que um dia a batalha vire coisa séria e as tugas e as JRR se peguem ao estalo e ao murro numa gritaria pegada em pleno autocarro. E nesse dia, vou juntar-me às francesas e às suas gargalhadas estridentes, enquanto aguardo uma vitória portuguesa. Não é que eu seja racista, mas é que essa coisa de lugares marcados para os(as) amigos(as) sempre me irritou profundamente.

Alors, mes amies, que la bataille commence!!!


Bisous ;)


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Diz que é uma espécie de clube de futebol!


                    Oh mon Dieu de la France... je ne sais pas que dit, je ne sais pas que pense :) :)







                                          
Bisous ;)


Coisas que eu odeio no Lux #2

Que não haja um feriado de 5 de Outubro :(


                                        (Oh Cavaco... 'tá de pernas para o ar, filho... eheheheh)

É que sabia mesmo bem ficar em casa na ronha hoje, a falar com a famelga através do Skype, e a ver a RTP Internacional :)

Mas não, lá tenho eu de ir para o frio e para chuva (e olhar para aquelas nuvens assustadoramente negras através da janela até me arrepia) e labutar que nem uma moira... eheheheh

Já dizia o outro: Tem de ser! E o que tem de ser tem muita força!!! LOLOLOL

Bisous ;)

Coisas que eu adoro no Lux #2

Os transportes públicos aquecidos :)

Como é bom entrar no autocarro ou no comboio, geladinha da cabeça aos pés e completamente encharcada, à conta desta porca desta chuva que nunca mais pára, e sentir aquele bafinho quentinho que vem dos aquecedores instalados.

Uma pessoa despe o casaco, tira o cachecol (sim, já), mete os pézinhos junto aos aquecedores, encosta a cabeça à janela e... faz uma sestinha tão boa até casa :)

Bisous ;)

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Coisas que eu odeio no Lux #1

Que até para se fazer um xixizinho uma pessoa tenha de pagar. Não acreditam? Então vão até à Gare da cidade do Luxemburgo tentar esvaziar a bexiga, desçam as escadas para o WC e vejam lá a placazinha que avisa: 1,10 € para usar a sanita e 0,80€ para usar o urinol.

Coisas que eu adoro no Lux #1

Que  muitas das cidades ou aldeias ou bairros existentes, sobretudo no sul do país, tenham em comum no seu nome a terminação -ANGE- ( e só assim de cor e sem ir ao mapa consigo enumerar algumas)

Rodande, Petange, Differdange, Lallange, Leudelange, Shifflange, Dudelange, Hésperange, Rumelange... :)

Como mudar de vida em dois meses

Fazer as malas, despedir das pessoas que mais amamos por entre beijos, abraços e muitas lágrimas, entrar no carro e partir... sem olhar para trás!
Há dois meses, foi exactamente assim que fizemos. Com esta mesma simplicidade com que escrevo estas palavras. Com a mesma facilidade? Não. Se tivesse sido, este texto já estaria escrito e publicado desde então. Na verdade, não foi fácil. Mas também nunca ninguém nos disse que seria.
A dificuldade não está em partir, mas sim em deixar a "nossa vida" para trás. As casas onde sempre vivemos, as ruas que sempre percorremos, os locais que sempre frequentámos, a cidade que sempre conhecemos, os carros que sempre conduzimos, as coisas que sempre fizeram parte do nosso dia-a-dia, a língua que sempre falámos e, mais importante que tudo, as pessoas que sempre amámos e que sempre estiveram lá, perto do corpo e do coração. É verdadeiramente assustador chegar a um país com meia duzia de roupas e objectos de higiene pessoal, os telemóveis e os cartões de indentificação. É um vazio enorme na alma. É a sensação de não pertencer aqui. Mas é também o conforto de nos temos um ao outro. Simplesmente assim!!
Os primeiros dias foram um encanto. A descoberta de uma língua que, embora conhecida não estava aprendida, de cidades visualmente tão diferentes das portuguesas, dos espaços verdes, dos locais de venda, dos transportes públicos. Uma verdadeira sensação de férias. Mas os dias foram passando e a consciência de que viemos para ficar foi-se tornando cada vez mais presente em cada despertar. E com ela a necessidade de procurar trabalho, de encontrar casa, de tratarmos de todas as burocracias exigidas para nos tornarmos habitantes luxemburgueses. E mais uma vez não foi fácil, mas também não esperávamos que o fosse.
Aqui, deixámos que a sorte que tanto nos faltou em Portugal nos desse uma pequena ajudinha, e em pouco mais de um mês arranjámos trabalho, conseguimos arrendar um pequeno estúdio, abrimos conta bancária, obtivemos certificado de residência e inscrição na segurança social e finanças... começámos enfim uma vida. Uma nova vida. A nossa vida.
Aqui, tivemos a certeza que não há nada mais importante que a amizade e que há amigos a quem jamais poderemos retribuir a solidariedade e o altruísmo.
Aqui, deixámos que o nosso amor crescesse a cada dia mais e mais e mais... porque só com um grande amor um pelo outro é possivel enfrentarmos juntos, mas sozinhos, as dificuldades que vamos encontrando e as saudades que sentimos.
Aqui temos perspectivado, sem receios, um futuro em família e todos os nossos pequenos sonhos familiares nos parecem possíveis de realizar.
E é por tudo isto que aqui, apesar das saudades que temos da "nossa vida" que deixámos para trás, somos felizes com a "nossa vida" que temos pela frente. É por isto que aqui, no Luxemburgo, somos felizes, muito felizes.