sábado, 17 de novembro de 2012

As palavras que nunca vais ler


Tia Bela,

Hà dias que tento escrever-te. Tento... mas não consigo!!! Talvez porque ainda tenha o coração a sangrar. Talvez porque não saiba como expressar toda esta miscelânea de coisas que te quero dizer. Talvez porque saiba, no fundo, que não me vais ler. Nunca mais me vais voltar a ler.
Mas preciso mesmo de te escrever. Talvez porque acredite na remota possibilidade destas palavras ecoarem pelo universo fora ao teu encontro. Talvez porque queira retribuir a generosa visita que fizeste ao mundo dos meus sonhos hà duas noites. Talvez porque sinta que, ao escrever-te, te mantenho viva para mim... em mim.

Escrevo-te porque quero que saibas que não partiste sozinha. Uma grande parte de mim partiu contigo. Uma grande parte de mim. Uma grande parte do que de melhor eu era, do que de melhor eu tinha. Uma grande parte do que de melhor me ensinaste a ser. Uma grande parte do que de melhor me ajudaste a ter. E agora, que partiste e levaste contigo essa grande parte de mim, tenho medo de não saber o que fazer com o que cà ficou em mim, sem ti.
Escrevo-te porque quero que saibas que nada do que me deixaste desaparecerà. Não, até que eu parta também! Porque o que me deixaste é demasiado precioso, intenso, verdadeiro. Porque o que me deixaste são recordações de um verdadeiro amor, lembranças de uma pura amizade. Porque o que me deixaste são provas de que os laços de afecto que ligam uma tia e uma sobrinha podem ser tão fortes como as ligações umbilicais que unem mãe e filha.
Escrevo-te porque quero que saibas que ainda tenho em mim o som adocicado da tua voz, a ternura do teu olhar, a matreirice do teu sorriso, a desafinação da tua irritação, a segurança do teu andar, a eloquência do teu discurso, a inteligência das tuas atitudes, a coerência das tuas palavras, a descontração dos teus pensamentos, a acutilância do teu humor, a assertividade das tuas decisões, a sabedoria que te envolvia, a bondade que te caracterizava.
Escrevo-te porque quero que saibas que por detràs destas làgrimas que me deslizam pelo rosto levando consigo uma dor infinita e que caem sobre o meu peito com a mesma força com que nele batem as saudades infindàveis que de ti sinto, ha um sorriso (embora escondido) ainda maior, iluminado pela gratidão que sinto por um dia teres sido vida na minha vida.
Escrevo-te com a convicção de querer imortalizar a tua presença mas sobretudo escrevo-te na esperança de atenuar a dor da tua ausência!!!

Escrevo-te porque as palavras são eternas... tal como sera eterno o amor que sinto por ti!

"Cada dia que passa desde a nossa separação é menos um dia que falta até ao nosso reencontro!"

Até sempre, minha tia!!
 

sábado, 10 de novembro de 2012

Num sábado normal...


Num sábado normal, não teria acordado num silêncio perturbadoramente estranho. Teria sido acordada pelo som demasiado alto da televisão ou pelas bem conhecidas vozes das minhas vizinhas, entusiasmadas por entre conversetas que antecedem a preparação do almoço.

Num sábado normal, não teria almoçado sozinha. À mesa estariam os pais e a mana e mais um ou dois primos que aparecem sempre sem avisar; e ainda os gatos, que nunca falham as horas das refeições.


Num sábado normal, não teria bebido um café caseiro enquanto leio publicações no facebook. Teria ido à D. Rosa, sentar-me na esplanada e pôr a conversa em dia com a Milai, a Joaquina, a Tia Esperança, a Susana, o Bê e a barriguda da Rueff, enquanto nos rimos das palavras destrambelhadas do meu pai, do Tó e do Candita, sentados no Pelourinho.

Num sábado normal, não teria arrumado a minha casa ao som da RFM Online. As tarefas seriam partilhadas com a mãe e a mana, embaladas por Tony - O sonhador, sonhador.


Num sábado normal, não teria posto a máquina da roupa a lavar. A minha mãe tê-lo-ia feito por mim, e no final ainda preparava o belo do lanchinho: croissant misto tostado e leite com Tofina.


Num sábado normal, não teria de esperar que passasse a chuva para finalmente ter coragem de ir "lá baixo" comprar meia dúzia de coisas que me faltam em casa. Teria ido num instantinho à Cinda.

Num sábado normal, não sentiria tanta falta das minhas pessoas e da minha terra, porque num sábado normal, estaria com as minhas pessoas na minha terra.

Num sábado normal... eu não estaria onde estou a escrever este post.

Num sábado normal, eu estaria aqui...

Foto by: Hélder Medina


 ... e seria muito mais feliz!!!


Bisous ;)

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Uma gaja vê-se à rasca...

Chegada a casa após um dia estafante de trabalho e ainda enraivecida pelo atraso de 15 minutos do maldito bus. Ele deitado na cama, eu curiosa com os resultados dos jogos da Liga Europa.

Eu - "Amor, como é que está a Briosa?"

Ele (que detesta a AAC, com voz de gozo) - "Olha, há bocado enganaram-se e já estavam a ganhar 1 -0. Mas entretanto são capazes de já estar a levar uma abada, é que não sei se sabes mas estão a jogar contra o Atlético de Madrid"

Eu - "Sei, sei. Não sejas agoiro"

Nos entretantos, e à espera que a página do Record Online se abrisse. (já vos disse que a minha internet móvel é uma merda?)

Eu - "Amor, e o Sporting como está?"

Ele - "O teu Sporting deve estar a ir para a segunda..."

Eu (enlouquecida, grito cheia de fúria) - "MAS VAI PARA A SEGUNDA O QUÊ, CARALHO? Que eu saiba até maio ainda há muito campeonato para jogar. Fodasse..."

Ele (às gargalhadas) - "Oh, 'mor, não sejas parva. O teu Sporting deve estar a ir para a segunda parte, era isso que eu ia dizer, pá. Nao me deixaste acabar de falar. Nervosa!"

Eu -  "Sim, sim, com a verdade me enganas! E olha, não sei se sabes, mas a Briosa ganhou 2 -0 ao Atlético de Madrid. Inchaaaaaaa"

 É que só me apateceu fazer-lhe isto:

Foto: Record Online

E por falar nisto. As próximas palavras são para ti, oh meu borrego (para não te chamar grande cabrão). Sim, Ricky Van Wolfswinkel, eu sei que me estás a ler. Tu atenta no que te escrevo, rapaz.

Não vales uma merda, pá!!! É que na época passada ainda te dei o benefício da dúvida. "Ah, e tal, se calhar falta-lhe músculo." O camandro, é o que é. O que te falta afinal é saberes jogar à bola! Que até eu, pá, marquei mais golos pelo CDP que tu pelo Sporting, minha florzinha, e nunca fiz "piretes" para os adeptos (que eram basicamente os meus amigos, vizinhos e a minha mãe, que era mulherzinha para entrar campo dentro e me espetar logo dois palmadões, mas isso agora não interessa nada)

Portanto, oh amélia, enfia mas é o dedinho pelo rabinho acima e volta lá para a tua terra pá, e dedica-te à plantação de papoilas, que jogar à bola é coisa que não te assiste!

AI QUE RAIVA....

E, pronto, agora vou dormir para acalmar o espírito, que isto de ser leoa apaixonada, por estas alturas, provoca-nos cada ataque de nervos, que uma gaja vê-se à rasca.



Bisous ;)