Tia Bela,
Hà dias que tento escrever-te. Tento... mas não consigo!!! Talvez porque ainda tenha o coração a sangrar. Talvez porque não saiba como expressar toda esta miscelânea de coisas que te quero dizer. Talvez porque saiba, no fundo, que não me vais ler. Nunca mais me vais voltar a ler.
Mas preciso mesmo de te escrever. Talvez porque acredite na remota possibilidade destas palavras ecoarem pelo universo fora ao teu encontro. Talvez porque queira retribuir a generosa visita que fizeste ao mundo dos meus sonhos hà duas noites. Talvez porque sinta que, ao escrever-te, te mantenho viva para mim... em mim.
Escrevo-te porque quero que saibas que não partiste sozinha. Uma grande parte de mim partiu contigo. Uma grande parte de mim. Uma grande parte do que de melhor eu era, do que de melhor eu tinha. Uma grande parte do que de melhor me ensinaste a ser. Uma grande parte do que de melhor me ajudaste a ter. E agora, que partiste e levaste contigo essa grande parte de mim, tenho medo de não saber o que fazer com o que cà ficou em mim, sem ti.
Escrevo-te porque quero que saibas que nada do que me deixaste desaparecerà. Não, até que eu parta também! Porque o que me deixaste é demasiado precioso, intenso, verdadeiro. Porque o que me deixaste são recordações de um verdadeiro amor, lembranças de uma pura amizade. Porque o que me deixaste são provas de que os laços de afecto que ligam uma tia e uma sobrinha podem ser tão fortes como as ligações umbilicais que unem mãe e filha.
Escrevo-te porque quero que saibas que ainda tenho em mim o som adocicado da tua voz, a ternura do teu olhar, a matreirice do teu sorriso, a desafinação da tua irritação, a segurança do teu andar, a eloquência do teu discurso, a inteligência das tuas atitudes, a coerência das tuas palavras, a descontração dos teus pensamentos, a acutilância do teu humor, a assertividade das tuas decisões, a sabedoria que te envolvia, a bondade que te caracterizava.
Escrevo-te porque quero que saibas que por detràs destas làgrimas que me deslizam pelo rosto levando consigo uma dor infinita e que caem sobre o meu peito com a mesma força com que nele batem as saudades infindàveis que de ti sinto, ha um sorriso (embora escondido) ainda maior, iluminado pela gratidão que sinto por um dia teres sido vida na minha vida.
Escrevo-te com a convicção de querer imortalizar a tua presença mas sobretudo escrevo-te na esperança de atenuar a dor da tua ausência!!!
Escrevo-te porque as palavras são eternas... tal como sera eterno o amor que sinto por ti!
"Cada dia que passa desde a nossa separação é menos um dia que falta até ao nosso reencontro!"
Até sempre, minha tia!!