sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Fartinha até à ponta dos cabelos...

O Primeiro-Ministro falou hoje ao país. E o país ouviu e revoltou-se. E eu ouvi e revoltei-me.

Porque estou farta de ouvir falar de uma crise que eu não provoquei. Porque estou farta que me peçam para pagar uma dívida que não fui eu que contraí (aliás das minhas dívidas sei eu e também não peço a ninguém que as pague). Porque estou farta que peçam aos meus pais que façam sacrifícios, sem se importarem com os sacrifícios que eles já fazem para terem pelos menos comer na mesa, água quente e luz. Estou farta que cortem os subsídios de natal e de férias aos funcionários públicos, alguns meus amigos e familiares, quando são, na sua maioria, eles que têm o poder de compra que ajudam, directa ou indirectamente, alguns dos meus outros amigos e familiares a manterem de pé a sua empresa ou a empresa para a qual trabalham. Estou farta que me peçam para trabalhar mais "meia hora" quando eu sempre trabalhei pelos menos mais uma ou duas horas para lá do horário de contrato, sem receber um cêntimo a mais que fosse. Tal e qual como a grande parte dos funcionários do sector privado, que estão bem mais preocupados com "não ser despedido amanhã COM JUSTA CAUSA" (coisa fácil e cada vez mais simples nos dias de hoje).

E estou farta porque, apesar de lidar bem de perto com o desemprego, a miséria, a fome, as lágrimas de quem vai perdendo tudo e mais um pouco, continuo também a assistir diariamente a notícias que me contam que o CEO daquela empresa XPTO (também do estado) recebe milhões anuais em prémios de não-sei-bem-o-quê; que os deputados que já recebem mais de 6 mil euros por mês (que desgraça!) de ordenado mas vivem a mais de 100 kms de Lisboa têm direito a ajudas de custo superiores a mil euros; que a frota de carros de uma qualquer empresa pública vai ser remodelada porque coitadinhos dos cus dos senhores já não se aguentam com dores ao fim de tantas horas esborrachados num qualquer Mercedes de 2009; que uns sacanas de uns gestores levam à falência um banco privado e os portugueses têm de comprar esse banco, a pedido do senhor presidente da república.

Estou farta. A sério que estou farta desta merda toda. Estou farta de viver num país onde meia dúzia de chulos se esforça diariamente para foder um povo digno, trabalhador, conquistador, lutador e cada vez mais desanimado.

Definitivamente... prefiro ir prostituir-me para um outro país qualquer. Estou farta que aqui todos me fodam e não me paguem, aliás estou farta de pagar para me foderem!

Vão para o raio que vos parta, seus chulos de uma figa... da esquerda ou da direita... são todos farinha do mesmo saco, comem todos do mesmo tacho. Abdiquem vocês dos salários e pensões escandalosas que recebem, das bombas e dos motoristas que vos conduzem, das ajudas de custo... Abdiquem vocês do vossos luxos, que eu estou farta de abdicar da minha dignidade.

Ponham-se no caralho que eu, se Deus quiser, vou-me pôr a andar daqui para fora .|.

2 comentários:

Paraondegiraomundo disse...

De tudo o que mais me incomoda é a impunidade que se verifica... podem dar desfalques e levar empresas à falência que continuam em liberdade achando-se senhores de toda a razão.

Sara disse...

Acabo de descobrir que o meu blog está ali referenciado! Muito obrigada :)

Sobre o assunto...concordo tanto contigo! É nojento o que todos nós estámos a viver. Não só os funcionários públicos, mas também o resto da população. Em vez de reduzirem em tudo e mais alguma coisa, despediam alguns ditos "engenheiro e doutores", que andam a mamar 6 e 7 mil euros por fazer rúbicas em papéis, enquanto que os escalões inferiores trabalham horas por uma códea de pão. Os carros em uma fantochada, não sei qual é o contra de andar num FIAT ou numa coisa qualquer mais baixa a um Mercedes!Se reparares metade das vezes estão cadeiras por preencher na Assembleia da República nos debates, onde andam esse senhores? Vai ser cortado no salário esse dia? Rídiculo. Nem as obrigações cumprem...